terça-feira, 14 de dezembro de 2010

o próximo acto

Imaginem-se sozinhos numa viagem de muitos quilómetros. Há-de chegar aquela altura em que ligam o rádio, para não se sentirem desactualizados, e de repente ouvem alguém dizer que não se lembra se preencheu ou não uma ficha da PIDE.
Se a Pide é a que eu estou a pensar, das duas uma: ou a pessoa se inscreve e passados uns anos já não se lembra porque ficou desmemoriada e, nesse caso, não se deve levar a mal. Eu, que sou eu, às vez também me esqueço do sítio onde guardo as coisas. No outro dia cruzei-me com o meu filho e não lhe falei. O que é que querem? Ia distraída, a pensar na vida.
Ou a Pide é aquela polícia chata de pessoas que ganhavam mal e faziam queixa do vizinho porque eram vingativas e não só.... Se é dessa que estavam a falar é estranho dar ares de que aquilo foi coisa de somenos. A PIDE era uma polícia bera e há valores de integridade que não devem ser esquecidos.
Nenhum familiar meu foi abarbatado pelos pides e a experiência mais próxima que tive foi quando, numa manhã de inverno, se constou que tinham levado o pai da Vitorinha. Eu, que tinha oito anos, a partir daquele episódio passei a olhar a rapariga como alguém muito vulnerável às intempéries da vida.

PS:
Esclareço que se estão a fabular o que leram será apenas por devaneio da vossa imaginação.
Esclareço também, apenas por desfastio, que ainda não decidi em quem vou votar e o mais provável é deixar o boletim em branco para os candidatos preencherem depois. Será uma pequena lembrança de Natal.