sábado, 30 de outubro de 2010

Esta crise que nos molesta

Da primeira visita do FMI não tenho grande lembrança, a não ser o rombo que as restrições às importações vieram causar na minha colecção de polos Lacoste, pullovers coloridos e calças de ganga americanas.

Eu sonhava, naquele tempo, com uma sociedade justa em que andariamos todos de uniforme de caqui e gola à Mao, assim sendo, o FMI até que poderia servir para acelerar o processo.

Da segunda visita lembro-me, se bem que não consiga precisar o dia em que Teresa Ter-Minassian aterrou em Portugal. Não tenho grandes queixas, ainda para mais sendo eu uma pobre funcionária pública não me contemplaram com o famoso Certificado de Aforro (para aí da classe A), que a esta hora já valeria 5 ou 6 vezes mais. Não senhor, recebi na tesouraria o dinheirinho e gastei-o em coisas que certamente agradaram ao meu gosto de escriturária-dactilografa.

Para a próxima vou estar de olho nos Kamones que hão-de vir para ver o que vai acontecer. Não ao meu pecúlio, nem ao meu pré, mas à tentativa de tornar este país habitável.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

e-migrar

Deveria ter emigrado, mas não o fiz. Não foi preciso. Achei que poderia interromper os estudos, começar a trabalhar e depois logo estudaria, porque o que era urgente era tornar-me independente. Mas não, aos 22 anos tornei-me funcionária pública, uma coisa que hoje está ao mesmo nível que ser cigano em França ou judeu na Polónia, no tempo da guerra.

Nos idos de oitenta ser funcionário público não era nada, pois estavam ainda muito presentes os tempos em que eramos poucos e mal pagos. Nos idos de noventa começámos a ser mais, mas ainda mal pagos. A sociedade já se dava conta da nossa existência e olhava para nós como cretinos inábeis incapazes de ganhar o “bom” dinheiro que se ganhava no privado saltando de sucesso em sucesso.

Agora desde 2000 somos os palhaços da festa, custamos dinheiro, somos muitos (de quem será a culpa?) e querem o nosso lugar.

É lamentável que quem nos governa e quem nos quer governar não consiga ultrapassar a sua incompetência a não ser culpando uma ou outra classe. Mas tal como eu sei, eles também sabem, que um grupo é apenas a ponta do iceberg.

Os jornalistas e os políticos não param de incutir ódio sobre nós, mas não serve de muito porque nós pagamos impostos como toda a gente (e eu pago há trinta anos, e se me deixarem pagarei mais 18 anos, com muito gosto), e não é possível, digo eu a não ser que nos enviem para um arquipélago de “goulash”, pois, como qualquer trabalhador, nós se formos despedidos mereceremos indemnizações, subsísdios de desemprego, whatever, ou não? Era mais fácil, mas a vida é como é, e nem sempre é fácil.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

boas notícias

"O homem sem rosto" como era conhecido. Sentava-se dias a fio num poial no Rossio. Assustador para alguns, sobretudo para as crianças que ficavam sem palavras quando o viam, como aconteceu ao meu filho e ao amigo que o viram ali sentado numa noite de verão. Bondoso, como eu o vi uma vez e sem poder resistir às lágrimas, levantando-se para ir entregar um pedaço de pão ao homem que esgravatava no caixote do lixo.
Foi operado nos Estados Unidos, está feliz e oxalá tudo lhe corra bem daqui para a frente.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Parabéns








Nasceu há muito tempo, no dia 15 de Outubro. Faz hoje anos a minha escritora preferida.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

esperança, sucesso e felicidade


Um sucesso, esta aventura de receber 33 homens que regressaram de uma viagem ao centro da terra. Uma manifestação de esperança para o mundo que esteve de olhos postos na chegada. Um sinal de que o homem evoluiu e que pode usar o conhecimento para tornar a vida mais suave.
A partir de agora estes homens não voltarão a ver o mundo da mesma forma e nós, quem sabe, também não.