terça-feira, 14 de dezembro de 2010

o próximo acto

Imaginem-se sozinhos numa viagem de muitos quilómetros. Há-de chegar aquela altura em que ligam o rádio, para não se sentirem desactualizados, e de repente ouvem alguém dizer que não se lembra se preencheu ou não uma ficha da PIDE.
Se a Pide é a que eu estou a pensar, das duas uma: ou a pessoa se inscreve e passados uns anos já não se lembra porque ficou desmemoriada e, nesse caso, não se deve levar a mal. Eu, que sou eu, às vez também me esqueço do sítio onde guardo as coisas. No outro dia cruzei-me com o meu filho e não lhe falei. O que é que querem? Ia distraída, a pensar na vida.
Ou a Pide é aquela polícia chata de pessoas que ganhavam mal e faziam queixa do vizinho porque eram vingativas e não só.... Se é dessa que estavam a falar é estranho dar ares de que aquilo foi coisa de somenos. A PIDE era uma polícia bera e há valores de integridade que não devem ser esquecidos.
Nenhum familiar meu foi abarbatado pelos pides e a experiência mais próxima que tive foi quando, numa manhã de inverno, se constou que tinham levado o pai da Vitorinha. Eu, que tinha oito anos, a partir daquele episódio passei a olhar a rapariga como alguém muito vulnerável às intempéries da vida.

PS:
Esclareço que se estão a fabular o que leram será apenas por devaneio da vossa imaginação.
Esclareço também, apenas por desfastio, que ainda não decidi em quem vou votar e o mais provável é deixar o boletim em branco para os candidatos preencherem depois. Será uma pequena lembrança de Natal.


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

esta crise que nos molesta

Se Ricardo Araújo Pereira nos viesse dizer que os tempos estão difícies, mas mesmo assim não será isto o fim dos tempos, seria simpático. Mas será que o seguiríamos como os americanos fizeram com Jon Stewart?

Será que isto não é o fim do mundo, mas o fim dos políticos?

Será que a sociedade é já de tal modo perfeita que já não se justifica a existência de políticos e que nos chega o conforto dos cómicos para fazermos o que o poder económico espera que façamos?

sábado, 30 de outubro de 2010

Esta crise que nos molesta

Da primeira visita do FMI não tenho grande lembrança, a não ser o rombo que as restrições às importações vieram causar na minha colecção de polos Lacoste, pullovers coloridos e calças de ganga americanas.

Eu sonhava, naquele tempo, com uma sociedade justa em que andariamos todos de uniforme de caqui e gola à Mao, assim sendo, o FMI até que poderia servir para acelerar o processo.

Da segunda visita lembro-me, se bem que não consiga precisar o dia em que Teresa Ter-Minassian aterrou em Portugal. Não tenho grandes queixas, ainda para mais sendo eu uma pobre funcionária pública não me contemplaram com o famoso Certificado de Aforro (para aí da classe A), que a esta hora já valeria 5 ou 6 vezes mais. Não senhor, recebi na tesouraria o dinheirinho e gastei-o em coisas que certamente agradaram ao meu gosto de escriturária-dactilografa.

Para a próxima vou estar de olho nos Kamones que hão-de vir para ver o que vai acontecer. Não ao meu pecúlio, nem ao meu pré, mas à tentativa de tornar este país habitável.


sexta-feira, 22 de outubro de 2010

e-migrar

Deveria ter emigrado, mas não o fiz. Não foi preciso. Achei que poderia interromper os estudos, começar a trabalhar e depois logo estudaria, porque o que era urgente era tornar-me independente. Mas não, aos 22 anos tornei-me funcionária pública, uma coisa que hoje está ao mesmo nível que ser cigano em França ou judeu na Polónia, no tempo da guerra.

Nos idos de oitenta ser funcionário público não era nada, pois estavam ainda muito presentes os tempos em que eramos poucos e mal pagos. Nos idos de noventa começámos a ser mais, mas ainda mal pagos. A sociedade já se dava conta da nossa existência e olhava para nós como cretinos inábeis incapazes de ganhar o “bom” dinheiro que se ganhava no privado saltando de sucesso em sucesso.

Agora desde 2000 somos os palhaços da festa, custamos dinheiro, somos muitos (de quem será a culpa?) e querem o nosso lugar.

É lamentável que quem nos governa e quem nos quer governar não consiga ultrapassar a sua incompetência a não ser culpando uma ou outra classe. Mas tal como eu sei, eles também sabem, que um grupo é apenas a ponta do iceberg.

Os jornalistas e os políticos não param de incutir ódio sobre nós, mas não serve de muito porque nós pagamos impostos como toda a gente (e eu pago há trinta anos, e se me deixarem pagarei mais 18 anos, com muito gosto), e não é possível, digo eu a não ser que nos enviem para um arquipélago de “goulash”, pois, como qualquer trabalhador, nós se formos despedidos mereceremos indemnizações, subsísdios de desemprego, whatever, ou não? Era mais fácil, mas a vida é como é, e nem sempre é fácil.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

boas notícias

"O homem sem rosto" como era conhecido. Sentava-se dias a fio num poial no Rossio. Assustador para alguns, sobretudo para as crianças que ficavam sem palavras quando o viam, como aconteceu ao meu filho e ao amigo que o viram ali sentado numa noite de verão. Bondoso, como eu o vi uma vez e sem poder resistir às lágrimas, levantando-se para ir entregar um pedaço de pão ao homem que esgravatava no caixote do lixo.
Foi operado nos Estados Unidos, está feliz e oxalá tudo lhe corra bem daqui para a frente.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Parabéns








Nasceu há muito tempo, no dia 15 de Outubro. Faz hoje anos a minha escritora preferida.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

esperança, sucesso e felicidade


Um sucesso, esta aventura de receber 33 homens que regressaram de uma viagem ao centro da terra. Uma manifestação de esperança para o mundo que esteve de olhos postos na chegada. Um sinal de que o homem evoluiu e que pode usar o conhecimento para tornar a vida mais suave.
A partir de agora estes homens não voltarão a ver o mundo da mesma forma e nós, quem sabe, também não.

sábado, 25 de setembro de 2010

espreitar pela janela

Se os sinais exteriores do vizinho já não nos impressionam e se as histórias dos colegas não conseguem arrancar-nos mais do que um bocejo, já para não dizer um vómito temos sempre à mão a vida d' apipocamaisdoce.blogspot.com

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

castanheira do ribatejo

Quando estou no apeadeiro acho graça à voz que anuncia aos senhores passageiros que o comboio que lá vem há-de parar em Castanheira do Ribatejo. Nunca lá fui, mas chega-me a imagem que vem pela escrita da Ana de Amsterdão, um blogue que vou seguindo à medida do meu tempo e da vontade dela.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

andar em contramão

Oh Deus meu, será que sou paranóica, obcecada ou seja lá o que for?
Pois não sei, talvez seja, talvez não.
Ora, se não viessem todos, em contramão, direitinhos a mim, os malucos, os desfazados, os implicativos(que acham que uma boa discussão faz sempre bem), os alienados (que só agoram perceberam que andar po aí não é fácil) eu não me queixava.
Maneiras que acho que o melhor é fugir, o que revela que o meu instinto de sobrevivência está num ponto alto.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

U, W, L

São as letras que indicam em que crise estamos? Talvez, mas se alguém soubesse. Ou por outra talvez haja muito quem saiba, mas não o comum dos mortais nem eu, que tanto ambiciono chegar um dia a compreender esta engrenagem.
Depois da leitura matinal dos jornais, registo com agrado que passa mais um dia sem que eu consiga perceber o rumo que isto leva, sem cair no facilitismo de dizer que isto vai acabar mal, é claro.
Depois do susto com o dólar e o iene, Roubini, o mago, vem dizer que prefere estas moedas ao ouro, em caso de recessão em W. O banco central vai aumentar os juros para arefecer a economia e controlar os preços, por causa do crescimento da economia alemã. Por outro lado as bolsas asiáticas estão a subir por terem indícios de que que os EUA já não vão entrar em recessão. Mas ainda assim o preço do petróleo espera pelos números do desemprego americano.
Ora, se de um lado estamos assim, do outro chegam notícias de que o pão não dá para todos. Se não entrámos em pânico nem com as notícias da crise nem com o vírus da gripe teremos agora para nos assustar o medo da crise alimentar.
Por cá alguém diz que falta independência, mas eu até acho que dado o contexto até nem é mau sabermos que conseguimos acordos tácitos ainda que voláteis.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

creme nivea


Quando olho para uma caixa de creme nivea lembro-me sempre da minha infância. Anos mais tarde haveria de transformar a bola nivea em ponto de encontro, mas as primerias recordações atiram-me para a as dificuldades em caminhar na areia, coisa muito própria da primeira infância, a água muito azul e muito fria, a minha bóia lindissima, que era azul de um lado e amarela do outro, e a caixa do creme nivea que era usado para tudo até como bronzeador, protector solar, aprés soleil e o mais que a gente quisesse ou se lembrasse.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

o tempo passa a correr

O tempo voa. Ainda ontem os adeptos festejavam alegremente a vitória inebriante da selecção nacional. E foi de tal modo inebriante que hoje, só com muito custo, consegui entender os discursos que por aí andam sobre o emprego.

O jogo, ou a guerra, a partir de agora, parece que será entre quem está empregado e quem não está. Ainda agora, ouvi um senhor muito janota, mesmo assim pró queque, esclarecer-nos que se todos tivermos um bocadinho de emprego é melhor do que se formos estúpidos e quisermos o emprego só para nós.

Enjoo, não sei se a minha boa disposição resistirá a tanto. Desde que há homens inteligentes que parece que andam a tentar evoluir para que pisar a terra do planeta não tenha de ser um acto doloroso. Mas agora as homens que têm o Poder de dar emprego querem repor alguma ordem que andou perdida, ainda que tenha sido só um século (o que também não é um direito que possamos arrogar assim de tão adquirido, dizem). Foi se calhar, digo eu, assim como que uma borla que nos deram para um espectáculo que terminou quando caíu a cortina de ferro.

E como naqueles espectáculos ronceiros e tristes que passam nas aldeias e que a intempérie faz adiar trazendo tristeza ao garotos, que vão sendo animados com o engodo de que será um adiar passageiro, também a nós nos vão dizendo que será temporário. E muito temporário, direi eu.

No fundo será como suspender a democracia um bocadinho. Seis meses, vá.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Hoje é segunda-feira

Hoje é segunda. Aviso, pois pode haver quem ainda não tenha percebido. Isto está tudo uma chatice: os jornais, os colegas, as pessoas que vão ao café, as que andam aí pela rua e não desfazendo também os que andam aqui no facebook. Provavelmente precisamos de qualquer coisa que nos agite e por conseguinte nos tire da letargia. Ah, mas isso ... talvez só amanhã.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

abaixo as vuvuzelas

Como Martin Luther King, I have a dream - e então perguntar-me-ão — e qual é esse sonho? E eu responderei — um sonho simples; que na primeira contrariedade, os pais portugueses partam aquelas queridas “vuvuzelas” na mona dos seus rebentos. E agora, que encerraram algumas urgências pediátricas, quem sabe se o sofrimento dos rebentos não será equivalente ao que eles nos infligem com aquele som deprimente de burro a zurrar (e que me perdoem os burros, coitadinhos).

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Mário de Sá Carneiro


Mário de Sá Carneiro nasceu no dia 19 de Maio de 1890. Para celebrar foi publicada hoje a Antologia Poética prefaciada e organizada por Fernando Pinto do Amaral.
A obra de Sá Carneiro revela a preocupação do homem que se quis transcender, como nos é dado observar no poema Isto onde escreveu o verso que nos encanta.
Um pouco mais de sol — eu era brasa,
Um pouco mais de azul — eu era além.

Boa tentativa — cobrar impostos com retroactividade

Não sou das pessoas mais críticas em relação ao Governo, mas reconheço que hoje conseguiram espantar-me. Esta manhã, quando comecei a ler o jornais nem consegui perceber bem o que estava a acontecer.
— O dinheiro tem de aparecer! É verdade.
— O salário até pode não ser um direito adquirido! É verdade. Há muito calhorda que não merece o que ganha.
— Mas, como diria a minha avó, para precatar o futuro não convém desleixar as questões de honra e de compromisso; as regras contratuais ainda são importantes, se não quisermos instituir a anarquia.
Mesmo assim, considero que foi uma boa tentativa do secretário do Estado, do Governo ou da agência de comunicação. Mas precipitaram-se a pensar que as temperaturas estavam para durar e que o pessoal ia já para a praia, no sábado, e não estava interessado em mais nada. Não é verdade.

terça-feira, 18 de maio de 2010

ALARME?

Os comentadores estão assustados? os banqueiros? nós?

Cruzamos leituras para tentar ver para além do que é dito e do que conseguimos perceber, mas não é fácil; as palavras de aviso do Presidente da República, os dados estatísticos a quererem dizer que a economia do país está a crescer e que o desemprego diminui.

—Diminuiu o desemprego? Ou deixaram de receber subsídios a 1 leva de desempregados, (início do ano de 2007)?

— Seja lá o que for não é claro.

O Figaro de hoje traz alguns esclarecimentos assustadores sobre o Plano de Ajuda.

A primeira pergunta de onde vêm os 75o milhões de euros?

Ficamos a saber que 500 são da União Europeia e 250 Fundo Monetário Internacional e que os euros da União Europeia não existem, pelo menos por agora. Os Estados vão arranjar o dinheiro para ajudar os que não podem pagar as suas dúvidas. Mas como ninguém dá nada a ninguém será necessário pagar com juros e encetar medidas de austeridade severa.

O artigo do FIGARO refere que os países que se encontram em situação crítica são Espanha e Portugal, que vem bem destacado com uma chamada de atenção.

O mundo mudou é um facto, mas resta-nos tentar perceber como vão ser as nossas vidas no futuro.


sábado, 8 de maio de 2010

facebook

Será seguro escrever no facebook?

Algumas polícias recorrem ao facebook e reconhecem que as informações que ali encontram, regra geral, são verdadeiras.
Especialistas previam que 2010 fosse um ano pródigo em ataques que revelariam a fragilidade da segurança das redes sociais

Uma empresa conhecida lançou uma campanha de recrutamento de funcionários no facebook. Quem sabe se no futuro o facebook será útil para um empregador saber se está a admitir um racista, um tarado sexual, um gay ou uma lésbica, um homofóbico, um esquizofrénico, um social-democrata ou um benfiquista ou alguém que dá erros de ortografia ou de sintaxe.

Muitos apresentam-se aqui completamente despidos revelando-se aos outros tal como são, sem filtros. Será correcto?
Mas outros há que escolhem o seu melhor lado para que os possamos ver tal como querem ser vistos? Será correcto?
Será importante saber se deveria haver ou se haverá uma conduta ética que deva ser adoptada?
Será importante ou possível encontrar normas para andar por aqui?

Mas o que anda uma multidão a fazer nas redes sociais? A suavizar os problemas de solidão, a reconfortar o ego, a buscar visibilidade ou tão só a passar o tempo?


quarta-feira, 5 de maio de 2010

estou um bocado danada










Sabem como é, quando o trabalho não corre bem. Quando olhamos para trás e pensamos que se tivéssemos já tido a ideia brilhante que hoje nos iluminou, o trabalho já estaria feito e ninguém ousaria pensar moer-nos o juízo. — Fica para outra vez!

Vou tentar não pensar mais no assunto. Vou exercitar as dicas que uma vez me deram e que agora me parecem úteis para não gastar energias que me podem vir a fazer falta. E, nestes tempos de crise fica bem poupar tudo, incluindo as energias.

Vou fazer coisas tipo, criar corredores para não transportar alguma ira, ansiedade ou seja lá o que for, de uma actividade para outra. Enfim, evitando a contaminação, convém ir, antes de entrar em casa, olhar o mar e pensar nas coisas boas que se podem fazer com toda aquela água azul.

E, sobretudo, nunca, mas nunca deixar a casa desarrumada. Não há nada mais agradável do que, depois de um dia desconfortável, entrar em casa e pensar que se chegou ao nosso confortável e agradável porto de abrigo.
Aqui ninguém nos chateará — tudo arrumado, luz calma e suave; a música e bebida favoritas, ajudarão a preparar o dia seguinte.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

bancarrota







Esta será a minha segunda bancarrota. Vão longe os anos oitenta e a chegada do FMI. Passei alegremente ao lado desses problemas, apenas com a sensação de que o dinheiro se gastava mais depressa, mas longe da inflação e da desvalorização. Tinha a ideia, ainda que ao de leve, que tudo não passava de uma invenção dos americanos na pessoa do embaixador Carlucci, uma espécie de arquétipo do mal.

Desta vez o assunto deixa-me triste, preocupada e com a certeza que a culpa não é do Carlucci, mas nossa. Agora, ainda que não acredite, sabe-me bem ouvir o Presidente da República afirmar que estamos longe de tamanha desgraça.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

green cork










Foi licenciada a 1ª unidade de reciclagem de rolhas de cortiça a nível mundial.

Agora, já podemos reciclar as rolhas que atirávamos para o lixo.

E para quê? Para plantar bosques com o dinheiro da venda da cortiça.

É um projecto da Quercus que congrega vários parceiros; Cortiçeira Amorim,

Hipermercados Continente, Centros Comerciais Dolce Vita, a empresa de recolha de óleo alimentar e 1 500 escolas do país.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

É para esquecer

Não há nada pior que o fim das férias. E se acabam à segunda-feira então é mesmo para esquecer. E pronto, a meio da tarde já nem me lembrava que tinha estado de férias.

terça-feira, 30 de março de 2010

a política

A política anda muito pacata. O Passos Coelho não abre brechas; o Paulo Portas, o Louça, o Jerónimo e os outros, de quem não me lembro o nome, também não. — Fazem bem!

segunda-feira, 29 de março de 2010

economia

Alguns economistas mais ácidos quando analisam a performance do país referem o comum dos mortais que aqui habitam como uns asnos que resvalaram irremediavelmente para a berma da estupidez.

Para fugir a todo o custo a esta inevitabilidade fiz um download do PEC, e numa leitura rápida e enviesada de um documento pouco esclarecedor, o que só assim justifica as diferentes leituras que permite, cheguei à conclusão que não temos futuro.

Face à incerteza em relação ao futuro é preciso reformular o cálculo das aposentações, congelar ordenados e reduzir benefícios fiscais, despesas de saúde e de investimento.

Não temos futuro pois estaremos a assistir ao nosso definhar sem que o documento apresente medidas para alterar este destino fatal.

Portugal está a precisar de um documento que rectifique as contas, mas que aponte para um horizonte de soluções. Será que este país não tem alternativa para lá de 2013.

quarta-feira, 24 de março de 2010

hoje é segunda

Todas as semanas têm uma segunda-feira, o que é bom para quem gosta de rotinas. É à segunda-feira que se começam os planos que se traçaram no fim-de-semana. É à segunda-feira que se olha para a lista de tarefas pensadas no domingo, e é à segunda-feira que se pega no lápis para riscar o que vai sendo feito. É com comprazimento e com uma certeza de que com método e vontade tudo será feito. Invariavelmente lá para o meio da tarde, quando se voltar a olhar para a lista, já haverá duas ou três coisa atrasadas.

terça-feira, 23 de março de 2010

as pessoas e os livros

Tarde de sol, um luxo nos tempos que correm cinzentos, numa esplanada de jardim. Não sei se por causa do sol, se por hábito que desconheço, a rapaziada deu em «catarcizar» e palrou, palrou. O rapaz que lixou o carro novo, que os pais lhe ofereceram; o senhor de mau ar que filosofou toda a tarde com a rapariga agradável e em sintonia; o rapaz simpático que dá conselhos à ex- . Todos falaram e desfilaram em frente das minhas orelhas bisbilhoteiras.

O resultado foi mau, uma tarde bem passada, mas uma data de páginas que terão de ser relidas. Não é que o livro seja uma obra fundamental, mas é um documento importante sobre maneiras de viver que eu desconhecia. Só tinha lido em miúda os Olhos de Água, mas no outro dia um amigo disse-me que o Gaibéus era o seu livro preferido. Fiquei curiosa e comecei a ler, mas interrompi para, por razões que não vêm ao caso, ler Avieiros que me deu a conhecer as pessoas, a quem chamavam os ciganos do Tejo. Vieram da praia da Vieira para viverem nos barcos durante todo o ano, ali nasciam e morriam os filhos, ali se passava toda a sua pobre vida. Os mais afortunados iam juntando tábuas para constuir uma barraca que com boa fortuna as cheias não destruiriam.

30 anos de jornal de letras

Lembro-me bem de quando apareceu o 1º Jornal de Letras. Foi há 30 anos.
Para quem aparece em tempos, de certo modo, agitados e resiste ainda em tempos, claramente, indiferentes parece ter razões de sobra para continuar. Amanhã haverá bons motivos para dar os parabéns a quem anda há tanto tempo a fazer este jornal.

domingo, 21 de março de 2010

uma boa semana

Esta semana foi animada.
. Simone Veil, sobrevivente de Auschwitz, ministra da Saúde, que fez votar a lei da interrupção voluntária da gravidez, ex-presidente do Parlamento Europeu, é, aos 82 anos, a 6ª mulher a entrar na Academia Francesa. A primeira, há 30 anos, foi Marguerite Yourcenar.
. Fui almoçar com antigas colegas. Estávamos todas girissimas, saudáveis e bem dispostas. Foi bom, mas com um pequeno senão – um quilito ou dois que eu tenho a mais. É urgente começar a dieta, a primavera não tarda e o próximo almoço também.
. No final da tarde fui à Livraria Almedina, no Atrium Saldanha, ouvir o professor Carlos Reis falar da sua experiência de leitura de Os Maias. Quase duas horas de conversa apaixonada sobre uma obra que o professor aprecia obviamente.
. O que faz falta teve a estreia na quinta-feira no teatro Villaret. Não gosto de teatro e não tenho medo de ninguém, por isso não considero que esta peça constitua motivo para alterar esta minha máxima. As canções do Chico são sempre agradáveis de ouvir sobretudo quando há uma voz bonita para as cantar.
. Lisboa está linda, é fantástico andar ali pelos lados do Saldanha ao final da tarde, o Bairro Alto já começa a ter gente e a baixa está bonita.


sábado, 20 de março de 2010

limpar Portugal

Não fui limpar Portugal, mas estou arrependida. Estava a chover, estava com dores nas costas, estava com preguiça.
Não fui, mas gostei da ideia. É importante que se demonstre publicamente que Portugal está cheio de portugueses que não têm cuidado e atiram tudo para o chão.
Não fui, mas sei que basta sair do centro de Lisboa para perceber que há lixo amontoado nas bermas, nos parques, nas matas, nas praias, nos rios, nos oceanos.
Não fui. Fiquei na cidade e vi alguém, muito fashion, atirar um papel pela janela do carro.

terça-feira, 9 de março de 2010

Um pouco mais de azul

é o mote para o começo de uma nova aventura semelhante a muitas outras.