terça-feira, 23 de março de 2010

as pessoas e os livros

Tarde de sol, um luxo nos tempos que correm cinzentos, numa esplanada de jardim. Não sei se por causa do sol, se por hábito que desconheço, a rapaziada deu em «catarcizar» e palrou, palrou. O rapaz que lixou o carro novo, que os pais lhe ofereceram; o senhor de mau ar que filosofou toda a tarde com a rapariga agradável e em sintonia; o rapaz simpático que dá conselhos à ex- . Todos falaram e desfilaram em frente das minhas orelhas bisbilhoteiras.

O resultado foi mau, uma tarde bem passada, mas uma data de páginas que terão de ser relidas. Não é que o livro seja uma obra fundamental, mas é um documento importante sobre maneiras de viver que eu desconhecia. Só tinha lido em miúda os Olhos de Água, mas no outro dia um amigo disse-me que o Gaibéus era o seu livro preferido. Fiquei curiosa e comecei a ler, mas interrompi para, por razões que não vêm ao caso, ler Avieiros que me deu a conhecer as pessoas, a quem chamavam os ciganos do Tejo. Vieram da praia da Vieira para viverem nos barcos durante todo o ano, ali nasciam e morriam os filhos, ali se passava toda a sua pobre vida. Os mais afortunados iam juntando tábuas para constuir uma barraca que com boa fortuna as cheias não destruiriam.